terça-feira, 30 de agosto de 2011

5 capas de disco por Pierre Et Gilles

Amanda Lear - Diamonds For Breakfast (1980)

Arielle Dombasle - Extase (2002)

Erasure - Wild (1989)

Marc Almond - Enchanted (1990)

Etienne Daho - La Notte La Notte (1984)

Nos tempos em que vivemos pode até parecer piada falar sobre a importância do encarte de um disco ou cd. Mas é inegável que um disco com uma capa bonita atrai muito mais a atenção de um possível ouvinte do que um com capa feia, com uma foto genérica do artista e um fundo tosco feito em cinco minutos no photoshop. As capas dos disco são tão importantes quanto as faixas inclusas neles. São as capas que reforçam a imagem que o artista quer passar. A imagem que involuntariamente associamos as músicas.
O dia em que as grandes gravadoras perceberem que um produto de qualidade vende bem, independente da pirataria, quem sabe não teremos produtos mais decentes sendo oferecidos?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dancing, laughing, drinking, loving

Julho de 1981. O mundo estava assistindo todo o movimento da disco music ser enterrado sem piedade alguma. Um novo instrumento estava conquistando pouco a pouco seu lugar no coração do público: o sintetizador.

A dupla Soft Cell estava prestes a lançar seu segundo single. O primeiro trabalho da dupla, chamado Memorabilia, passou despercebido, fazendo sucesso apenas em casas noturnas. A gravadora dos dois fez um ultimato e informou Marc Almond e Dave Ball que se o segundo single da dupla tivesse o mesmo fim do primeiro, seria o ultimo.

Eles escolheram lançar então um cover. Mas para a maior parte do público, Tainted Love era uma canção original, pois a versão original da cantora Gloria Jones nunca fez sucesso.

O single teve um sucesso esmagador e instantâneo. Atingiu a primeira posição no Reino Unido e em mais 17 países, e entrou no top 10 de todos os países onde foi lançada. Se tornando uma das canções mais conhecidas e emblemáticas da década de 80.


Os meses seguintes foram o oposto do que se imagina. O sucesso, apesar de contribuir de maneira positiva para o desenvolvimento criativo da dupla, significou uma pressão terrível para o vocalista Marc Almond. Por mais que já estivesse acostumado a sofrer abusos de pessoas pouco desenvolvidas intelectualmente, ele não estava preparado para se tornar inimigo numero um das pessoas defensoras da moral e dos bons costumes. A mídia já alertava o povo sobre a maneira pouco convencional que o cantor vivia sua vida pessoal e fazia especulações sensacionalistas sem o menor fundamento. Almond reagiu a tudo isso da única maneira que sabia: chocando as pessoas mais ainda.

O álbum Non-Stop Erotic Cabaret já foi lançado e recebido com enorme êxito. Mas o público teve uma surpresa enorme ao encontrar canções sobre assuntos que iam de cinemas pornográficos, garotos de programa e sadomasoquismo até depressão e suicídio.

Musicas como Entertain Me já mostravam desde cedo a opinião da dupla sobre o mundo do entretenimento e das exigências feitas por sua gravadora. Secret Life conta a vida dura de um homem casado que sofre chantagem do amante. Seedy Fims descreve uma ida a um cinema pornô e um encontro acontecendo durante uma sessão.

O sucesso e a pressão da fama fizeram com que a dupla não resistisse muito tempo unida e rompesse depois de lançar mais dois álbuns. Os dois estavam abusando do uso de ecstasy e sofrendo muito dos nervos com todas as duras críticas que recebiam. Há quem jure que depois de ler uma crítica péssima do segundo disco do Soft Cell, Almond foi ao encontro do crítico com um chicote e o desafiou a repetir tudo que havia escrito. Hoje, mais sóbrios, os dois reconhecem que se não tivessem dado um fim a parceria, provavelmente não estariam mais aqui para contar a história.

Marc Almond seguiu com a carreira solo mais produtiva que eu conheço até hoje, abrindo mão com muita boa vontade do sucesso comercial para fazer o que bem quisesse com seus discos, e ocasionalmente lançando um single de sucesso.

O sucesso de Tainted Love é tão grande até hoje que infelizmente fez muita gente ignorar o resto do material da dupla. Muitas vezes essas listas infelizes de one-hit-wonders classifica a canção como o único hit da carreira do Soft Cell, um dado totalmente errado. De fato, Almond e Ball não fazem questão de esconder o ódio que sentem pela música, tendo se recusado inúmeras vezes a toca-la em apresentações.