segunda-feira, 21 de maio de 2012

O efeito Believe

No começo de 1998 a carreira de cantora da Cher estava bem decadente. O ultimo disco lançado por ela, It's A Man's World, de 1995, não chamou a atenção do público, e sua carreira musical se encontrava mais uma vez em perigo.
Porém, no final do mesmo ano ela era responsável pelo single mais vendido da década. Com mais de 50 anos Cher teve o maior hit de sua carreira com a canção Believe.


Os responsáveis pelo hit foram os ingleses Brian Rawling e Mark Taylor. Os dois já haviam produzido canções para outros artistas antes, mas foi com Believe que eles se tornaram do dia para a noite os produtores mais quentes do final dos anos 90. E assim como Cher teve sua carreira revigorada, muitos artistas que também não estavam exatamente no ápice de sua popularidade recorreram aos mesmos produtores para tentar obter o mesmo efeito conseguido por Believe. Confira a seguir alguns deles.

Tina Turner foi uma das primeiras a recorrer aos produtores. O resultado foi When The Heartache Is Over, que conseguiu fazer bastante sucesso na Europa, mas não chegou nem a arranhar o top 100 da Billboard. 


Lionel Richie não tinha um grande hit desde 92, quando deixou a Motown. A música Angel conseguiu dar uma reerguida em sua carreira, mesmo não alcançando nem de longe o mesmo sucesso de Believe.


Em 1999 Diana Ross lançou seu ultimo álbum pela Motown, Every Day Is A New Day. O disco não trazia nenhuma canção de peso para ser escolhida como carro-chefe e a gravadora se viu obrigada a apelar para um remix. Not Over You Yet não foi produzida originalmente por Rawling e Taylor, mas os dois foram responsáveis pelo remix que tocou nas rádios e chegou ao top 10 da maioria dos países.


O sucesso da dupla de produtores foi tão grande que artistas de outros países começaram a encomendar canções para serem traduzidas em duas línguas. A cantora espanhola Marta Sánchez, por exemplo, recebeu uma música escrita e produzida pelos dois e traduziu pessoalmente a letra para espanhol. O resultado foi Soy Yo, o maior sucesso que ela teve até então em sua carreira.


É também desnecessário mencionar que a própria Cher usou e abusou da mesma fórmula nos dois álbuns que lançou após o estrondoso sucesso de Believe, sucesso que nem ela mesma foi capaz de reproduzir.

domingo, 20 de maio de 2012

No More Tears


Rainha da disco, primeira dama do amor ou bad girl, Donna Summer foi sempre a primeira artista a ser mencionada quando o assunto era disco. Ninguém representou tanto um estilo musical como Donna representou a disco music e o curto período em que esse estilo reinava nas rádios e pistas de dança, e isso diz muito se pararmos para pensar que a maioria dos artistas desse gênero, mesmo tendo suas músicas tocadas em toda formatura que se preze, não são conhecidos pelo grande público.

Uma idéia que tem se mostrado bem comum na maioria dos obituários (em sua maioria visivelmente feitos sem uma pesquisa muito aprofundada) é a de que Donna era apenas uma cantora porta-voz e que todo o crédito pela genialidade de músicas como I Feel Love, Love To Love You Baby e Bad Girls é dos produtores Giorgio Moroder e Pete Bellotte, o que não passa de um enorme equívoco.


Donna se empenhava tanto quanto seus produtores na elaboração e no desenvolvimento de seus discos. Foi dela que veio o conceito do álbum I Remember Yesterday, que termina de maneira quase profética com I Feel Love, uma canção criada para representar a dance music do "futuro". Outro disco conceitual, Once Upon A Time, foi inteiramente bolado por Donna e seus parceiros em apenas 3 dias, e a entrega ao processo criativo foi tão grande que ela precisou ser hospitalizada por exaustão após o término do trabalho.


Esse tipo de trabalho foi o que diferenciou Donna de suas colegas de disco music e faz com que ela seja lembrada e respeitada até hoje. No seu auge ela foi ambiciosa e inovadora como ninguém mais ousou ser, e qualquer um que ouve os discos lançados por ela de 75 até 79 pode perceber que há ali muito mais que simples música feita para dançar.

E a música fala por si própria.