domingo, 20 de dezembro de 2015

A magnifica Raffaella Carrà!


Raffaella Carrà é uma das mais fantásticas, completas e talentosas artistas que já passaram por nosso planeta.
Com uma carreira de mais de 60 anos, Raffaella (ou Raffica, como é chamada pelos fãs) continua uma personalidade importante na Itália e na Espanha, onde até hoje comanda programas de TV e lança, esporadicamente, seus discos maravilhosos.


Eu conheci a Raffica em 2008 quando ela apresentou o Salvemos Eurovisión no canal espanhol TVE. O programa serviu para decidir o representante da Espanha no Eurovision daquele ano, mas quem brilhou mesmo na noite foi a apresentadora, que ganhou pelo menos um novo fã com a apresentação do hit En El Amor Todo Es Empezar. Desde então eu não paro de pesquisar e querer saber mais sobre ela, que é uma fonte inesgotável de fabulosidade. Você pode entrar praticamente todo dia da sua vida no YouTube e encontrar algum vídeo fantástico dela que não conhecia ainda!

A carreira de Raffica começou no cinema quando ela ainda era criança, com papéis pequenos em filmes italianos. Ela passou um tempo em Hollywood, onde fez até um filme com Frank Sinatra (O Expresso de Von Ryan, 1965), mas pouco tempo depois ela voltou para a Itália porque não gostou da vida nos Estados Unidos.


De volta ao seu país, se tornou uma lenda da televisão ao apresentar o seu próprio programa da variedades, o Canzonissima 70, no qual ela também apresentava suas canções e atuava em sketches de humor. Na primeira metade dos anos 70 ela emplacou seus primeiros hits, os quais os italianos se lembram até hoje, como Tuca Tuca, Ma Che Musica Maestro, Ma Che Será e Chissà Se Va.


Em 74 ela foi mais uma vez precursora e apostou na Disco Music, que só iria virar tendência mesmo uns dois anos pra frente. Ao lançar Rumore ela se estabeleceu como cantora e dançarina e lançou uma série de ótimas canções Disco que até hoje fazem parte do cancioneiro de qualquer gay que se preze.

A Far L'Amore Comincia Tu, por exemplo, teve versões gravadas pela própria Raffica em espanhol, francês, alemão e inglês e atingiu o top 10 do Reino Unido, uma das paradas mais disputadas do mundo (mais recentemente, apareceu em um episódio de Doctor Who de 2008 e voltou às paradas dance do mundo todo com um remix do DJ Bob Sinclair).


Foi nessa mesma época que ela começou a fazer sucesso com as versões castelhanas de suas músicas em praticamente todos os países do mundo onde se falava espanhol. Fiesta foi a música mais tocada na Espanha em 1978, e desde então Raffaella é presença constante em programas de TV por lá.

Na América Latina ela também fez bastante sucesso. Na Argentina e no Chile ela teve músicas censuradas pela ditadura e foi, nos dois países, uma das únicas referências com a qual os gays podiam se relacionar para ter um pouco de força em um período tão sombrio. Na Argentina ela chegou a gravar um filme (Barbara!, 1980) e em 1982 ela parou o Chile ao se apresentar no festival de Viña del Mar.


Em meados dos anos 80 ela deixou de ter uma presença muito forte nas paradas de sucesso mas voltou com tudo para a televisão, apresentando o Pronto, Raffaella? (que no Brasil teve o formato comprado pelo SBT e virou o Alô Crystynah), mais um enorme sucesso. Até hoje Raffica marca presença na televisão tanto na Espanha como na Itália, se adaptando sempre aos mais variados formatos de programas e brilhando em todos eles.

Na Itália Raffaella é uma jurada do The Voice.

No Brasil, alguns discos dela foram lançados, mas nunca vi nenhum indício de que ela tenha feito muito sucesso. Mas duas canções dela se tornaram conhecidas em versões tupiniquins: Rumores, versão de Rumore da Perla, e Mãe Me Dá Um Dinheirinho, versão do Balão Mágico com a Baby do Brasil e o Pepeu Gomes de Mama Dame 100 Pesetas.


Com 72 anos, Raffica tem uma carreira única. Ela é dona de um estilo excepcional e de um catálogo repleto de sucessos inesquecíveis, personificação da palavra camp e ícone gay inigualável. Raffaella é uma lenda viva!


Este texto foi inspirado pelo post sobre a Raffica do blog Pop Trash Addicts. Como não há praticamente nada em português sobre ela na internet, eu achei necessário fazer uma versão brasileira para introduzir o trabalho dela para o máximo de pessoas possível!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Novidades da semana!

Eu não consigo fazer uma chamada do tipo "Perdeu alguma das novidades desta semana? Não tema, aqui está o post do resumo semanal com tudo que você não pode deixar de escutar" porque eu acho muito ridículo. Então, a partir de hoje, vou simplesmente postar toda sexta-feira o que eu acho que valeu a pena ter escutado/assistido na semana que está terminando. Aqui vai a primeira edição:

1. Annie - Cara Mia
A norueguesa mais indie do mundo leva muito tempo entre um lançamento e outro. Mas, quando ela vem com alguma coisa nova, a gente sente que a espera valeu muito a pena. Em 2013 ela tinha lançado o maravilhoso A&R EP, que tinha esse nome porque era fruto da parceria entre ela e o produtor Richard X, mais dois singles ótimos. Agora ela retorna para lançar The Endless Vacation, mais um EP com o Richard. O primeiro single do projeto é Cara Mia, que é fantástica do início ao fim.
O EP já vai ser lançado dia 16 de outubro. Estou muito ansioso!


2. Dënver - Mai Lov
Minha dupla chilena favorita postou esta semana o segundo single do próximo álbum deles, que vai se chamar Sangre Cita. O single anterior, Los Vampiros, é uma das minhas músicas favoritas deste ano, e este novo parece que vai repetir o feito.


3. Alcazar - Stay The Night ao vivo 
Esta semana aconteceu na Suécia um show televisionado com os músicos mais famosos de lá para angariar fundos para os refugiados sírios. O Alcazar, melhor banda do mundo, apresentou seu maior hit, Stay The Night, e fez uma das melhores performances da noite.
Ainda bem que o Alcazar decidiu voltar de vez. Mesmo sem muitas novidades, eu tenho a impressão de que eles finalmente estão recebendo (na Suécia ao menos) o reconhecimento merecido.
(Não sei se o link desse vídeo vai funcionar em todos os computadores. Se quiser ver, tente aqui)



4. La Prohibida - La Colina Luminosa
Finalmente saiu um clipe do cd novo da La Prohibida! E que clipe bom. Saudades de quando o Fangoria fazia clipes de super-heróis.



5. Velvet - Friendly Fire
Finalmente um single realmente bom da Velvet. Os últimos dois eu achei bem chatinhos, mas este é ótimo! O clipe é bem baixo orçamento e a Velvet faz a caras e bocas no melhor estilo top nos falsetes, mas eu gostei mesmo assim!




6. Lady Gaga - I Want Your Love
Todo mundo sabe que não sou o maior fã da Lady Gaga. Mas se ela lançar mais disco music bem feita assim, isso pode mudar. Estou adorando o retorno do Nile Rodgers. Mas vale lembrar que durante os anos em que o Daft Punk ainda não tinha feito ele voltar a ser cool e todo mundo mantinha distância, uma única banda fazia menção após menção ao trabalho maravilhoso dele com o Chic.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Obsessão do momento: o disco novo da La Prohibida

Alguns discos mexem com a gente de maneira tão absurda, que parece que foram feitos sob medida. O álbum novo da La Prohibida é um desses. Foi lançado há menos de uma semana, mas já ouso dizer que vai entrar para a lista dos meus favoritos de todos os tempos. Da primeira à última música eu fico me sentindo a Olivia Newton-John em Xanadu, como se tivesse uma faixa de luz neon contornando meu corpo.


100k Años De Luz é o terceiro álbum da La Prohibida, mas é o primeiro projeto dela que me chama bastante a atenção. Cheio de referências aos anos 80 e 90, que vão desde o projeto gráfico até o arranjo das músicas, o disco passa por todos os lugares certos e mantem distância dos clichês cansativos que todo mundo está cansado de usar quando pensa nessas décadas.


A faixa que abre o disco, Internacional, é um italo-disco maravilhoso para ninguém botar defeito e dá o tom para a viagem nostálgica que o ouvinte está prestes a iniciar, mas sem soar muito datada. Eres Tan Travesti, uma das minhas favoritas, parece uma homenagem ao disco Very, dos Pet Shop Boys, enquanto Zapatos de Tacón con Patas de Saltamontes poderia ser uma música do Erasure, tanto pela sonoridade quanto pela ótima letra.
Baloncesto, a mais forte do álbum, soa ao mesmo tempo como um hit perdido do Dead or Alive e como algo que poderia ser o próximo single da Kylie Minogue.


Algumas das criticas que eu li diziam que ela pecou ao produzir um disco com praticamente nenhuma tendência atual (como se alguém precisasse de mais um artista entrando para a turminha do David Guetta), mas eu fico muito feliz por ver uma artista lançando um punhado de músicas que claramente não tem pretensão nenhuma de entrar pro top 50 do Spotify e ainda assim agradar bastante a um público especifico. Que mais gente siga o exemplo!

Talvez essa liberdade criativa seja possível porque o disco foi produzido por meio de um Crowd Funding, o que me faz imaginar que essa plataforma tem potencial para ser bastante importante daqui pra frente na produção de discos de artistas que, apesar de ótimos, não são do tipo que têm o apoio de uma gravadora grande. É muito bom que não precisem mais comprometer a criatividade por motivos comerciais e estejam em contato direto com o seu público.
E também, acho importante dizer, é pra deixar qualquer um feliz saber que estamos vivendo na época em que uma artista transexual consegue lançar um disco tão bom assim sendo financiada somente pelo seu público!

Obviamente a desvantagem desse tipo de lançamento é que ela não tem pilhas de dinheiro para investir na divulgação, e por enquanto a La Prohibida não conseguiu gravar nenhum clipe do álbum. Mas se você tem fãs para fazer uma montagem maravilhosa da sua música com cenas de Sailor Moon, isso não chega a ser realmente um problema.


O disco está disponível no Spotify e em todos os serviços de streaming, e eu recomendo muito!