Alguns discos mexem com a gente de maneira tão absurda, que parece que foram feitos sob medida. O álbum novo da La Prohibida é um desses. Foi lançado há menos de uma semana, mas já ouso dizer que vai entrar para a lista dos meus favoritos de todos os tempos. Da primeira à última música eu fico me sentindo a Olivia Newton-John em Xanadu, como se tivesse uma faixa de luz neon contornando meu corpo.
100k Años De Luz é o terceiro álbum da La Prohibida, mas é o primeiro projeto dela que me chama bastante a atenção. Cheio de referências aos anos 80 e 90, que vão desde o projeto gráfico até o arranjo das músicas, o disco passa por todos os lugares certos e mantem distância dos clichês cansativos que todo mundo está cansado de usar quando pensa nessas décadas.
A faixa que abre o disco, Internacional, é um italo-disco maravilhoso para ninguém botar defeito e dá o tom para a viagem nostálgica que o ouvinte está prestes a iniciar, mas sem soar muito datada. Eres Tan Travesti, uma das minhas favoritas, parece uma homenagem ao disco Very, dos Pet Shop Boys, enquanto Zapatos de Tacón con Patas de Saltamontes poderia ser uma música do Erasure, tanto pela sonoridade quanto pela ótima letra.
Baloncesto, a mais forte do álbum, soa ao mesmo tempo como um hit perdido do Dead or Alive e como algo que poderia ser o próximo single da Kylie Minogue.
Algumas das criticas que eu li diziam que ela pecou ao produzir um disco com praticamente nenhuma tendência atual (como se alguém precisasse de mais um artista entrando para a turminha do David Guetta), mas eu fico muito feliz por ver uma artista lançando um punhado de músicas que claramente não tem pretensão nenhuma de entrar pro top 50 do Spotify e ainda assim agradar bastante a um público especifico. Que mais gente siga o exemplo!
Talvez essa liberdade criativa seja possível porque o disco foi produzido por meio de um Crowd Funding, o que me faz imaginar que essa plataforma tem potencial para ser bastante importante daqui pra frente na produção de discos de artistas que, apesar de ótimos, não são do tipo que têm o apoio de uma gravadora grande. É muito bom que não precisem mais comprometer a criatividade por motivos comerciais e estejam em contato direto com o seu público.
E também, acho importante dizer, é pra deixar qualquer um feliz saber que estamos vivendo na época em que uma artista transexual consegue lançar um disco tão bom assim sendo financiada somente pelo seu público!
Obviamente a desvantagem desse tipo de lançamento é que ela não tem pilhas de dinheiro para investir na divulgação, e por enquanto a La Prohibida não conseguiu gravar nenhum clipe do álbum. Mas se você tem fãs para fazer uma montagem maravilhosa da sua música com cenas de Sailor Moon, isso não chega a ser realmente um problema.
O disco está disponível no Spotify e em todos os serviços de streaming, e eu recomendo muito!
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